Depois, pensei também
em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida
por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o
seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando
por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados,
esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor
por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em
símbolos em face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela
amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela.
Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo"
- dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.Andei
pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego
que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o
presidente.Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor
mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo
sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o
grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases
frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
♥
|CaioF.
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