Hoje eu digo pra mim : Menina, amar a dúvida, o silêncio, a ingratidão, o fim, o atraso, a invenção, a lacuna, o pode ser, as hipóteses, a não resposta, a raiva, o absurdo, o não, a impossibilidade, o depois que foi, o antes de chegar, o difícil, o pode não, amar essas coisas, menina, é amar o mistério e não um homem. Amar um homem não é o telefone que não toca, é o telefone que toca e ele tá daquele jeito que te irrita justamente porque está irritado com você e você desliga logo e ele liga de novo e vocês morrem de rir. Ah, e aí vai dando certo. Foi e foi e foi e cá estamos. Você apaga o cigarro da segunda de madrugada, a luz e some. Eu escrevo esse texto, deito na cama e durmo. Daqui a alguns dias a gente, sem se dar conta de plurais e segredos, se encontra e decide o que faz do resto do dia. Mas enquanto isso não acontece, o telefone continua sem tocar.
... não era amor, era loucura .