Blog da Carolina Teixeira: 2010-02-07
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Eu tenho, e você?

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Toda mulher tem um homem que se foi.
Um homem que a deixou por outra. Um homem que a deixou por doença.
Um homem que nem mesmo a notou. Um homem que a deixou por um ideal.
Um homem que sumiu num temporal. Um homem que não passou de dois drinques.
Toda mulher tem um homem que se foi. Um homem que foi pego no flagra.
Um homem que prometeu um brilhante. Um homem que sair pra jogar.
Toda mulher tem um homem que esqueceu de voltar !
.. e você, vai dizer
que não tem?

Para ler ao som de:
Mc Fly - She left me
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Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro. Mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Foi a inércia do amor que está no ar mas não necessariamente dentro de nós.A gente foi ao cinema, coisa que namorados fazem. Mas amigos fazem também, não? Somos amigos. Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis esquentar a outra. Mas a gente correu pra fazer piadinha sexual disso, como sempre. (...) Aí teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e me perguntou: não to esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. Eu sempre fui sua. Eu já era sua antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer. Mas a gente combinou que não era amor. Você abriu minha água com gás predileta e meu sabonete de manteiga de cacau. E fuçou todas as minhas gavetas enquanto eu tomava banho. E cheirou meu travesseiro pra saber se ainda tinha seu cheiro. Ou pra tentar lembrar meu cheiro e ver se ele ainda te deixa sem vontade de ir embora. Mas ainda assim, não somos íntimos. (...) É o que está no contrato. E eu assino embaixo. Melhor assim. Muito melhor assim. Tô super bem com tudo isso. Nossa, nunca estive melhor. Mas não faz isso. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo. (...) Não faz eu ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso.Combinamos que não era amor e realmente não é. Mas esse algo que é, é realmente muito libertador. Porque quando você está aqui, ou até mesmo na sua ausência, o resto todo vira uma grande comédia. (...) O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois. O quão sagrado é ver pureza em tudo o que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo. Não é amor não. É mais que isso, é mais que amor. Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre. E eu soquei meu até ele diminuir. Só pra você nunca se assustar com o tamanho. (...) E eu vou rir quando você me contar das suas meninas, e eu vou continuar dizendo “bonito carro, boa balada, boa idéia, bonita cor, bonito sapato”. E eu vou continuar sendo só daqui pra fora. Porque no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: não existe ninguém aqui dentro. Mas quando, de vez em quando, o seu ninguém colocar ali, meio sem querer, a mão no meu joelho, só para me enganar que você é meu dono. Só para enganar o cara da mesa ao lado que você é meu dono. Eu vou deixar. Vai que um dia você acredita .






'Since he left me
He told me:
"Don't worry,you'll be ok, you don't need me.Believe me you'll be fine"
Then i knew what he meant
And it's not what he said
Now I can't believe that he's gone





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Talvez não seja nessa vida ainda mas você ainda vai ser a minha vida.
Então a gente vai fugir pro mar,eu vou pedir pra namorar,
você vai me dizer que vai pensar,
mas no fim, vai deixar.
Talvez não seja nessa vida ainda, mas você ainda vai ser a minha vida.
Sem ter mais mentiras pra me ver.
Sem amor antigo pra esquecer.
Sem os teus amigos pra esconder. Pode crer, que tudo vai dar certo.



Sultão sem ♥

Mal pisei na balada já correram pra me avisar: “Se prepare, ele está aí, e não está sozinho.” Eu sabia, eu sabia. Estava saindo de casa com meu jeans fuleiro, meu tênis vermelho surrado e uma camiseta qualquer quando tive a brilhante idéia de me trocar inteira. Eu era agora uma moça com um pretinho básico curtérrimo, uma longa bota de bico fino e um belo decote que insinuava um sutiã pink. Um arraso. Ah, então ele estava lá e estava acompanhado? Sem problemas, quem já tá na merda não se incomoda com mais sujeiras. Eu não iria embora não, iria ficar e tentar rebolar ao máximo a bunda que eu não tenho. Escolhi o ângulo perfeito, aquele em que ele não teria como não ver, e comecei a desfilar minha falsa alegria pela pista, eu ria e dançava como se fosse a pessoa mais alegre do planeta. Uma amiga me alertou: “Ele está com uma loira que é um arraso.” Eu nem liguei, arraso por arraso e loira por loira, até aí eu também sou. Com a diferença de que eu sempre fui uma loira-arraso que sabia conversar uma ou outra coisinha com ele e nunca fiz questão de presentes. Aquela devia ser uma burra interesseira. Daqui a pouco outra amiga (tô começando a duvidar dessas amizades) veio com a novidade: “Você viu a morena que está com ele? Sensacional!” Uma morena? Mas não era uma loira? Que seja, dane-se, eu também era, no fundo, no fundo, uma morena. Ele estava cansado de saber (e conferir) isso. Uma morena não estragaria minha noite não, eu tinha um sutiã pink, uma cano alto de couro nos pés, um novo corte chiquérrimo de cabelo e uma nuca deliciosa à mostra. Tava tudo certo. Resolvi conferir, por via das dúvidas. Como será que era essa loira, ou essa morena. Era loira ou morena? Andei o bar inteiro atrás dele até que o vi sentado num sofá imperial com seus adidas velhos em cima de um puf imperial. Enquanto ele saboreava um mojito das mãos de uma linda loira, uma linda morena esfregava seus enormes peitos na cara dele e chupava uma folhinha de hortelã. O sofá ainda abarcava uma castanha, uma ruiva, uma japonesa, duas baixinhas assanhadas e uma grandona com cara de traveco. Ele não estava nem com uma loira, nem com uma morena. Ele estava em um harém. Ele era um sultão com mil mulheres. Era o dono do pedaço. Mandava e desmandava naquela merda. Se naquela merda de bar vendessem uvas em cachos, ele certamente estaria comendo uma das mãos de uma daquelas vadias. Eu quase podia ouvir ele falar no ouvido deslumbrado daquelas putas: “Vai, querida, pega lá o que você quiser beber, hoje é por minha conta.” “Vamos, lindinha, vamos lá pra minha casa que tem oito andares, uma king size com mil almofadas de seda e um deck decorado de estrelas”. Ele fez que não viu, mas me viu olhando. Se ajeitou no sofá, jogou a porra do cabelo ensebado pra trás e deitou a cabeça no meio dos peitos da morena. A loira, enciumada mas querendo participar da brincadeira, jogou as pernas por cima dos dois. As outras dançavam e rebolavam em volta dele. Era praticamente uma orgia na minha frente. Cansei, era demais pra mim. Ainda que eu subisse em alguma mesa pelada e jogasse fanta uva nos peitos (eu não bebo), eu não ganharia dele. Ele tinha vencido, ele estava por cima, só me restava ir embora. Tudo bem, tudo bem, respirei fundo. Quantas vezes eu não tinha desfilado com garotos mais jovens e mais fortes do que ele? Quantas vezes ele já não havia me ligado implorando um almocinho sem maiores danos e eu havia negado. Ele só estava me dando o troco. E que troco: a conta das vadias bêbadas tinha ultrapassado toda a grana que ele já havia gasto comigo em anos. Cheguei em casa arrasada. Arranquei aquela roupa ridícula que mostrava aquele sutiã ridículo e joguei aquelas botas ridículas o mais longe que eu pude. Coloquei, querendo morrer, meu pijama de ursinhos: enquanto isso ele comia duzentas mulheres que certamente usavam roupinhas mais sexy. Que fim triste para essa mulher de maquiagem borrada e coração dilacerado. Enquanto isso ele devia estar encoxando duzentas mulheres que também latiam. Mais uma vez a velha e boa sensação de que o mundo todo é lindo, o mundo todo é desejado, o mundo todo se diverte, o mundo todo vibra, trepa,goza,brinca,ama,festeja,acontece, se dá bebe. E eu continuo feia, brega, renegada, sozinha e no escuro. Meu sofrimento não tinha fim, mas foi interrompido pela salsa eletrônica do meu novo celular rosa. Era ele do outro lado: “Conversa comigo? Tô sem sono” Eu sabia, eu sabia, nem todas as “sultãonetes” do mundo eram capazes de dar a ele o que eu dava. Ainda que meu coração fosse um só.


| Tati Bernardi

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