Chego em casa, abro o e-mail. Nada. Olho o celular, sem bateria. Tá. Agora tem 0,0000000000001% de chances de você ter me ligado ou mandado sms ou feito um sinal de fumaça, vai saber. Espero que você tenha esquecido o que eu disse ontem porque eu estava terrivelmente embriagada e absurdamente sozinha. Ou solitária, como preferir. Acontece que todas as vezes que toca um blues qualquer eu me lembro de você. Lembro que você me dizia que John Mayer era péssimo e eu deveria refinar meu gosto musical. Mas, e daí? Você nunca entendeu nada de música mesmo. Então tudo bem falar mal do meu cantor preferido, eu entendo.
Eu entendia sua mania de solidão (...) Eu entendia seu ciúme, que de tanto proteger, feria. E sempre me culpei pelo nosso fim por nunca estar pronta para alguém. Ou para me encarar de frente e assumir que meu coração ainda bate. Intensamente. Ininterruptamente. Mas tudo bem, essa parte você entendia. E muito bem. Das poucas vezes que você concordou comigo, dessa você deixava bem claro: "eu fiz tudo por nós, você abandonou o barco". Ok. Se não fosse o melodrama que envolve seu modo novela mexicana de viver, talvez dessemos certo. Ou não, porque nem eu me aturo às vezes.
A verdade é que me pegar sozinha me faz querer ter você. Porque aí me lembro que você dizia que viver sozinho é aceitável, mas ser solitário a vida toda é sofrimento demais. Eu, que nunca concordei com seus devaneios, sou obrigada a dizer que sim. É triste. E dói. Mas em todas as vezes que senti dor, eu fugi. Não vou correr atrás de um amor mal curado. Não vou me submeter à vontade passageira que tenta controlar minhas razões. Talvez essa seja a hora de pular de cabeça em você, mas tô aqui procurando um lugar que dê pra pôr o pé porque me afogar e morrer de amor é demais pra mim. Então que fique clara e registrada minha saudade i-m-e-n-s-a de você. Mas que por motivo de força maior, vai morrer aqui. À míngua. Não me leve a mal, é que pra não morrer, eu tive que matá-la. E espero que você me entenda, como sempre fez.
|RaineR. ♥