Porque pra começar, meu filho, você já tem que nascer de ferro. Como assim você esteve me procurando e não queria me ouvir falar desse jeito? Como assim essa conversa de mudança a essa hora da noite? Eu já vim carregada de espinhos, você sabe. Eu já vim com a pele fria além do beijo quente, com os olhos lacrimejando além do sorriso doce. E você sabe muito bem. Você me falava que eu não parava de ocupar seus pensamentos. Mas ocupar de que jeito, meu Deus? Será que eu te fazia alegre ou infeliz? Será que eu te emprestava alguma filosofia escrota ou tudo não passava da ilusão que, sem querer, te entreguei? Será que o amor era só amor, sem nenhum resultado, sem nenhum produto, sem nenhuma vantagem? Será que nosso amor era tão besta que não servia para nada? Mas aí a gente não passava de um casal empacado no tempo. A gente não passava de uma vida sem metamorfose. Tudo em nós foi incompleto. Você queria contar a todo mundo nossa futura história, com casa na praia, três filhos na sala de estar, uma cama bem grande no quarto, e eu só falava pra deixar o que é bom em segredo. Você anotava meus recados mais banais e eu esquecia o dia do nosso aniversário. Não que fôssemos contrários, só não conseguimos ser a mesma coisa, ter a mesma sintonia, fazer caber dois universos no mesmo céu. Fomos vítimas de um desejo que não prestava. Talvez. Talvez. Você também nunca gostou de engolir meus espaços em branco. A gente tinha tudo para criar algo bonito, mas nada se completou. E eu sou tão dura quanto simples, tão pesada quanto ardente. Já vim assim e não é defeito. Quero você bem, mas não meu. Tem dias que nem sou capaz de cuidar de mim.
|Zaluzejos ♥
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