Entre um cigarro e outro ...

Pode ser que eu acabe este cigarro entre os meus dedos e você ainda não tenha decidido nada. Podemos queimar juntos ou separados ao fim dele, e o meu céu poderá ficará mais preto que os meus pulmões. Mas toda fumaça tem um fogo, tudo que acende, apaga. Nós estamos por aí, entre as evidências, os ditados populares, as algazarras do coração em dúvida. Dúvida, aliás, é o que sinto quando me pergunto se trago o cigarro só mais um pouquinho para te apressar ou deixo ele ao seu próprio ritmo para te dar um espaço a mais. Tudo o que eu quero e justifico num cigarro barato acesso é um pouco mais de tempo para nós. Deve ser por isso que já fumei uma carteira inteira e a gente ainda não se despediu. Gastei as minhas últimas moedas procurando um jeito de nos adiar. Tem amores que são doenças; tem doenças que são amores. E tem vícios que confundem os dois. Entre eu e você não há outro fim, não se encontra saída desse labirinto em que nos metemos: a gente até se ama, mas também se queima. E daqui a pouco, eu sei, a frase vai mudar. "A gente até se quer, mas não se procura." Tudo vai indo bem, conforme o cigarro apaga e o mundo roda.

|Camila Costa ♥